quinta-feira, 14 de maio de 2015

Trovadorismo

O que é Trovadorismo?

  Trovadorismo é um estilo de época, ocorrido durante a idade media. Sendo que esta foi marcada por dois períodos: Alta Média Idade (século V ao X|), e Baixa Idade Média (século X|| ao XV).
  Durante esta primeira fase medieval, também conhecida como "época das trevas", todo o sistema econômico, politico e social, era voltado para a agricultura de subsistência, regime denominado de feudalismo.
  Podemos dizer que o trovadorismo foi a primeira manifestação literária da lingua portuguesa.
  O trovadorismo surgiu no mesmo período em que Portugal começou a despontar como nação independente, no século X||; porém, as suas origens deram-se na Occitânia, de onde se espalhou por quase toda a Europa.
  O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ribeirinha” (conhecida também como “Cantiga da Garvaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta fase da literatura portuguesa vai até o ano de 1418, quando começa o Quinhentismo.

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Ribeirinha

No mundo non me sei pareiha,Mentre me for como me vai,
Ca já moiro por vós – e ai!
Mia senhor branca e vermelha,Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor,
dês aquel di’, ai!
Me foi a mim mui mal,
E vós, filha de don PaaiMoniz,
e bem vos semelha
D’haver eu por vós guarvaia,Pois, eu, mia senhor, d’alfaia
Nunca de vós houve nen heiValia d’ua Correa.
No mundo não conheço quem se compare
A mim enquanto eu viver como vivo,
Pois eu moro por vós – ai!
Pálida senhora de face rosada,Quereis que eu vos retrate
Quando eu vos vi sem manto!
Infeliz o dia em que acordei,Que então eu vos vi linda!
E, minha senhora,
desde aquele dia, ai!
As coisas ficaram mal para mim,E vós, filha de Dom PaioMoniz, tendes a impressão de
Que eu possuo roupa luxuosa para vós,
Pois, eu, minha senhora, de presente
Nunca tive de vós nem terei
O mimo de uma correia.
(Paio Soares de Taveirós)
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Os Trovadores

Na lírica medieval, os trovadores eram os artistas de origem nobre, que compunham e cantavam, com o acompanhamento de instrumentos musicais, as cantigas (poesias cantadas). Estas cantigas eram manuscritas e reunidas em livros, conhecidos como Cancioneiros. Temos conhecimento de apenas três Cancioneiros. São eles: “Cancioneiro da Biblioteca”, “Cancioneiro da Ajuda” e “Cancioneiro da Vaticana”.

Os trovadores de maior destaque na lírica galego-portuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.

No trovadorismo galego-português, as cantigas são divididas em: Satíricas (Cantigas de Maldizer e Cantigas de Escárnio) e Líricas (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo).

Cantigas de Maldizer: através delas, os trovadores faziam sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões verbais. Em algumas situações eram utilizados palavrões. O nome da pessoa satirizada podia aparecer explicitamente na cantiga ou não.

Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada não aparecia. As sátiras eram feitas de forma indireta, utilizando-se de duplos sentidos.

Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do feudalismo, pois o trovador passa a ser o vassalo da amada (suserana) e espera receber um benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido).

Cantigas de Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o eu-lírico é um homem, nas de Amigo é uma mulher (embora os escritores fossem homens). A palavra amigo nestas cantigas tem o significado de namorado. O tema principal é a lamentação da mulher pela falta do amado.

Principais Trovadores

Os principais trovadores foram:

D. Dinis, importante pela extensão e qualidade de sua obra (escreveu cerca de 140 cantigas líricas e satíricas), João Garcia de Guilhade (deixou 54 composições líricas e satíricas, e foi dos mais originais trovadores do século XIII), Martim Codax (trovador da época de Afonso III, legou 7 cantigas de amigo, as quais têm o mérito de constituir as únicas peças da lírica trovadoresca cuja pauta musical permaneceu até hoje), Afonso Sanches (filho de D. Dinis), João Zorro, Aires Nunes, Aires Corpancho, Nuno Fernandes Torneol, Bernardo Bonaval, paio Gomes Charinho, e outros.

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